sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ótima manera de entender a crise atual



The Last Laugh - George Parr - Subprime - subtitulos
Vídeo enviado por erioluk

El porqué de la crisis. Subtitulado en español.



Importante dizer que as legendas em espanhol foram feitas pelo companheiro Rodrigo Resende, um jovem brasileiro que estuda ciência política em Madri e que tem um blog muito bom: www.incongruenciasmil.blogspot.com

Pra quem acha que o aeroporto de Ilhéus é o mais perigoso

O aeroporto de Ilhéus tem um "irmao-gêmeo". Trata-se do aeroporto Princesa Juliana, na Ilha de St Maarten, nas Antilhas Holandesas, no Mar do Caribe. Como vcs verao, é igualzinho...a cabeceira está perto na praia, a direçao de pouso e decolagem é a mesma, etc, etc (até o Opaba parece que tá lá).

Como lá se vive exclusivamente do Turismo, nao tem ANAC, nem Nelson Jobim que impeçam pousos e decolagens dos monstruosos avioes cheios de turistas.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"Roxo", música de Evandro Correia

De vez em quando a gente se depara, meio por acaso, com algumas cançoes que caem imediatamente no nosso gosto; têm o poder de atingir fulminantemente a nossa particular estética musical, com sua melodia e sua letra.

Assim ocorreu hoje comigo, ao acessar o blog do Anderson, um blog de Vitória da Conquista. Buscava saber notícias de como andam as eleiçoes por lá. Além do fato, agradável, de saber que Guilherme está disparado na frente, me emocionou ter ouvido uma música que está lá postada.

Chama-se "Roxo", e é de um conquistense chamado Evandro Correia. Vale a pena escutá-la.

Clique aqui.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Um dia no Rastro de Madri - tralhas e liçoes

(o famoso "013")

("013" com Lope de Vega debaixo do braço e a cerveja na mao)

(tapas do El Capricho Extremeño)


Há umas semanas atrás, fui ao Rastro, a mais famosa feira popular de Madri, que se ergue sacrossantamente todos os Domingos pelas ruas do bairro La Latina, especialmente na Calle Ribera de Curtidores. Um mercado ao céu aberto onde se vende de tudo: roupas novas e usadas; livros novos e usados; sapatos novos e usados; estranhezas variadas, como pregos antigos, cadeiras velhas, pratos velhos, enxadas velhas, e toda sorte de bizarrices antigas.

De qualquer forma, é um lugar fantástico pra se encontrar personagens dos mais diferentes tipos e cores. E foi o que aconteceu nessa ocasiao.

Depois de muito andar, sentado numa pracinha, devorando umas “tapas” do famoso bar El Capricho Extremeño, eis que se me aproxima uma figura que, à primeira vista, era um simples “meoteiro”, desses que já têm os pes inchados de tanto beber. Achou que eu era árabe (coisa muito frequente aqui). Explicou que eu lhe fizera lembrar dos parentes distantes que viviam no leste da Arábia Saudita. Ele, na verdade, era marroquino, mas tinha esses tais parentes por lá.

Bom, bastou esse “approach” pra que se iniciara ali a mais interessante conversa que jamais podia esperar. Durante mais de 3 horas seguidas falamos de cinema, de história, de literatura, e até de matemática (eu, finalmente, entendi o significado do zero). História da dominaçao moura na Península Ibérica e o seu legado na língua, na arquitetura e na cultural em geral; a colonizaçao africana, em especial do Marrocos; a guerra civil espanhola; o terrorismo, a religiao islâmica....tudo passou ao crivo de sua análise e visao críticas.

Entrecortava a conversa, às vezes, com instantes de aparente absentismo, ausência, dizendo coisas típicas de ébrios. Nao obstante, conservava firme a linha fina, sutil e delicada que ainda o mantinha preso à lucidez.

Entre uma história e outra, tomava um tempo pra ir buscar uma cerveja, um cigarro, um pao...coisas que eram sempre repartidas com um estranho (também “borrachito”) que havia se incorporado ao papo.

Nenhuma palavra de si mesmo, de sua história, dos seus dramas, de sua vida, enfim. Nem uma sequer, nem mesmo o seu nome. “Me llamo como quieras tu que yo me llame”. Eu, para ver se arrancava essa informaçao, tentava irritá-lo, chamando-o por um nome diferente a cada instante: Mohamed, Ahmed, Omar, Samir, Mahmud.

“Chaval, un nombre es simplemente una sucesión de sonidos interconectados. Solo eso. Dame tu el sustantivo que crees que merezco o que, efectivamente, representa lo que soy”.

Diante do meu silêncio assombroso e conivente com o que acabara de ouvir, ele arremadou, rompendo com a sobriedade que lhe invadira: “....aunque me gusta que me llamen de 013”.

Antes que eu pronunciasse meu inevitável “por quê?”, ele interveio: “é o número do único documento que tenho: uma ficha na polícia”. E riu efusivamente.

E, assim, passaram as horas: o povo foi saindo, a praça se esvaziou, as barracas foram desmontadas e o pessoal da limpeza já lavavam as ruas. Era hora de me despedir de “013”.

Antes de me saudar, juntou todas as tralhas que trazia consigo (pra vender, claro! Afinal estava no Rastro), e deixou pra o caminhao do lixo recolher. Apenas ficou com.... a cerveja e o cigarro? Nao. Um livro. Aliás, um grande livro. E nao um “grande livro” qualquer, mas um “grande livro” do igualmente grande Lope de Vega!

A última imagem que tenho dele foi a dos gritos que começou a dar na direçao de alguém que o havia provocado/insultado. Descontrolado, enfurecido, cambaleante, repetia incessantemente o mesmo bordao, revelador da lucidez de sua loucura momentânea: “Para vivir no basta con tener cojones. Hacen falta razones.¡Joder!”

E lá fui eu, sisudo e introspectivo, em direçao ao metrô de Puerta de Toledo, com aquela frase ecoando na cabeça: “Para vivir no basta con tener cojones. Hacen falta razones”.

Por detrás de toda estranheza ou loucura de um homem, se escondem sempre a grandeza ou a pequeneza, a fortaleza ou a fraqueza, a alegria ou a tristeza, o prazer ou a dor, a transcendência ou a imanência da nobre e miserável condiçao humana e todas suas vicissitudes.

E viva “013”!
(Soube depois que "013" veio do Marrocos há mais de 20 anos atrás. Formou-se em engenharia, mas, por alguma circunstância desconhecida, perdeu tudo e todos. Diz-se que sua família é antiga nobreza marroquina, da mesma linhagem do atual rei Mohamed VI).

(Imagens do Rastro de Madrid)


Niños con cancer

"Em um mundo que a todo momento nos proporciona espetáculos de horror, esse vídeo, vencedor do prêmio de publicidade em Cannes, mostra que ainda existe espaço para a nobreza e a sensibilidade. Impossível não se emocionar com a mensagem" (do site do Pimenta na Muqueca).

Assista aqui.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Relembrando momentos de Estrasburgo

(jantar com prof. Cançado)(Visita ao Tribunal Europeu Direitos Humanos)
(la movida de Estrasburgo...noches inolvidables)
(o "mítico" bar Le Mosquito)
(formatura da turma)


O que se vê numa catedral?




Se há uma característica comum a todas as grandes catedrais européias, para além da beleza impressionante, é o tempo de construçao: nunca menos de alguns séculos.

Veja-se a catedral de Estrasburgo, iniciada em 1015 e só terminada em 1439. Sua fachada maravilhosa (a mais bonita que já vi), sua colossal torre de 142 metros de altura, a austeridade e escuridao do seu interior (típicas do gótico), tudo isso feito em, nada mais, nada menos, quatro séculos! Quatro séculos!!!

O que movia, afinal, esses homens de fé a construirem tao descomunal obra, mesmo sabendo que, eles mesmos, nunca iriam contemplar o resultado final?

Geraçoes e geraçoes se sucederam na empreitada, cada uma acrescentando um tijolo, uma pedra, um detalhe (e quantos sao!!). E, no entanto, poucos construtores puderam ver a igreja pronta.

Por que, entao?

Na verdade, nao sei. Só sei que é uma liçao e tanto para nós, tao presos ao imediato, ao aqui e agora, à nossa exagerada imanência. Os medievais nao, eles eram muito mais transcendentes, mais despojados, mais desprendidos. Nao tinham medo do tempo, como nós. Nao eram escravos do tempo, como nós.

A arte de construir uma catedral é a melhor metáfora de como construir o mundo.

As ciclovias de Estrasburgo



Duas coisas me impressionaram muito em Estrasburgo: a primeira, a Catedral; a segunda, as ciclovias. Tudo organizado, tudo racionalmente preparado para o uso de bicicletas: sinais, faixas, placas, estacionamento. Bom, o relevo da cidade ajuda. Mas, está para além disso, está na própria cultural do povo. Era engraçado ver as senhoras da terceira idade passeando ou indo de compras montadas em bicicletas.
Eu ficava imaginando como nao seria aquilo no período letivo. Estávamos lá na época das férias das universidades. Estrasburgo tem très grandes universidades, que juntas somam 40 mil estudantes, e, com certeza, eles usam esse meio de transporte. Deve ser um espetáculo e tanto.
O interessante era que todo mundo sentia uma repentina vontade de andar de bicicleta. E para dar conta desse desejo coletivo, lá estavam as casas de locaçao: por dia, por semana ou por mês. Simples assim.


Estrasburgo - França

(a Petit France)

(um dos canais da cidade)
(o famoso bretzel)
Estive, durante todo o mês de julho, em Estrasburgo, a capital da Alsácia, extremo-leste da França, na fronteira com a Alemanha. Trata-se de uma cidade de médio porte (pouco mais de 200 mil habitantes) e encantadora..com suas casas do telhado tao característico, com seus rios e seus canais que lhe conferem um charme todo especial, suas pontes, seus edifícios antigos e uma história muito bonita.

É chamada de a Capital da Europa, por albergar algumas das mais importantes instituiçoes européias como o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, o Conselho da Europa, o Parlamento Europeu, etc.

É também a sede do IIDH, Instituto Internacional dos Direitos Humanos, fundado pelo francês René Cassin, prêmio nobel da paz em 1968. Este instituto organiza todos os anos um importante curso, durante todo um mês, sobre direitos humanos e sua dimensao internacional. Neste ano fomos mais de 300 pessoas de todo o mundo, a maioria da Áfria e América Latina.

Dentre as tantas personagens do mundo acadêmico e da magistratura, estava presente o ex-magistrado e ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, professor Antônio Cançado Trindade, da UnB (o provável próximo juiz do Tribunal Penal Internacional).

Enfim, um curso excelente pra todos os defensores e defensoras dos direitos humanos: pelo conteúdo, pelos bons professores e pelo sensacional ambiente criado por tanta gente diferente.

domingo, 17 de agosto de 2008

Poema do Adeus

"Otro poema! Yo bien podría haberlo dicho hace un tiempo. Pero ahora toca a mí oírlo, ver sus versos abrumadoramente echados a la cara de alguien que, de tan cercano a mí, puede que sea yo, a motivo de las razones que solo un corazón enamorado puede tener. Que triste cuando el amor desear echar raíces en un terreno que se da a la fuga, se marcha...no por mala fe, sino porque sencillamente ya no puede estar allí. Que el cosmos te sea indulgente, chaval!


Poema do Adeus

Esses são versos de adeus!
Esqueça dos beijos meus...
Cansei dos sonhos...
Esqueça meus lábios risonhos!

Vou partir por outras paragens!
Quem sabe encontro à felicidade?!
Na plumagem de uma flor...
Na variedade de tons da cor?!

Estou sedenta por delicadezas
Choro agora de tristeza
Por tanto engano!...

Desço o pano... Fecho a cortina...
Encerro a cena!
Arrependo-me como Madalena
Dos meus pecados
Tão bem decifrados por ti!
Perdi a lucidez
Numa total insensatez!

Quero que te ausentes
Desta minha louca vida!...
Desta alma dorida
Que chora o adeus...
Adeus... Aos lábios teus!

Adeus a esta louca paixão
Acendida entre ternuras e lassidão...
Em over dose de amor!...
Ipês em flor...
Tapetes de luar...
Verde azul oceano...
Águas profundas do mar!...

Não tente decifrar
Este louco coração
Que explodiu em paixão...

Encontre-me na minha poesia
Numa canção... Ou melodia...
Sinta esta minha nostalgia
Que me impulsiona
A um novo amanhecer!
Novo viver... Sem você!

Carmen Vervloet

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Estados Unidos e direitos humanos: um vídeo chocante


Nao é nenhuma novidade saber que sao constantes e sistemáticas as violaçoes aos direitos humanos que os USA perpetram pelos quatro cantos do mundo, em especial no Iraque, Afeganistao e Guantânamo, os símbolos mais fortes dessa realidade.

Na sua cruzada messiânica contra "o mal do mundo", Bush e os seus falcoes têm promovido as barbaridades mais chocantes, em nome da "segurança" (essa palavra mágica e sagrada) do "abençoado" povo "estadunidense".

Um exemplo disso sao as "técnicas de interrogatório" usadas pelas forças as armadas, como o afogamento. Chega a ser até senso comum afirmar que se trata de tortura pura e dura. Mas, nos EUA da era Bush, ganhou outro nome : “interrogatório extremo”. E passou a ser infligido a prisioneiros no Iraque, no Afeganistão e na base de Guantánamo.

Pois bem, jornalista britânico Christopher Hitchens resolveu passar pela experiência (voluntariamente, claro). Recrutou um grupo de veteranos das Forças Armadas, e se entregou como cobaia de uma simulação de afogamento.

"Funciona assim: o prisioneiro é deitado sobre uma prancha de madeira. Capuz na cabeça, é atado à maca por correias apertadas nos pés e na barriga. Sobre o rosto encapuzado, vai uma toalha dobrada em três. Em seguida, despeja-se água sobre a boca e o nariz da vítima. Os efeitos costumam ser instantâneos. Submetido à técnica, o sujeito confessa até as peraltices da infância.
O bravo Hitchens resistiu o quanto pôde. O que, no seu caso, não foi muito tempo: escassos 11 segundos" (relata o blog do josias).

A experiência foi documentada em imagens – fotos e vídeo — e registrada num texto do próprio Hitchens, escrito na primeira pessoa, cujo título diz tudo: "Acreditem, é tortura".

“Se isso não constitui tortura, então a tortura não existe”, anota Hitchens.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sugestao de música: Joao Gilberto e Caetano cantam "Bésame mucho"

Já postei várias músicas de Joao Gilberto e Caetano, tiradas do memorável show que fizeram em Buenos Aires. Sugiro mais uma. Trata-se da conhecida "Bésame mucho", que os dois cantam, praticamente, improvisando: Joao diz que vai ensaiar pra cantar no dia seguinte, depois resolve relembrar os acordes com Caetano cantarolando, e por fim, Caetano canta, solicitando ele mesmo um bis pra que Joao cante. Uma delícia!

- "Ahora yo quiero pedir bis! Porque él tiene que cantarla. Una vez. No la cantaste! Você nao cantou, Joao! Canta ela uma ´vêizinha´".

- Uma ´vêizinha´?

- "É, canta...pra mim".

- Mas, você me segura.

- "Eu errei uma palavra".



domingo, 10 de agosto de 2008

Historias olvidas - "el joven de Tiananmen"

El 4 de junio pasado se cumplieron 19 años de la represión por parte del Ejército Popular de Liberación a las manifestaciones estudiantiles que empezaron en China el 15 de abril de 1989. La cruel represión de la protesta de la plaza de Tiananmen causó la muerte de cientos de estudiantes y provocó la condena internacional de la actuación del gobierno.

Sin embargo, la matanza de Tiananmen no hubiera tenido este impacto mundial sin la imagen más simbólica de este suceso. La de aquel joven que se plantó frente a los tanques militares para detener su recorrido en la plaza.

Nada se sabe de él. Nadie sabe lo que aquel osado estudiante le dijo al conductor del tanque cuando logró escalar hasta él, ni tampoco dónde se fue tras lograr detener a esa infinita fila de tanques. Unos dicen que fue asesinado, otros dicen que no. Muerto o vivo, el símbolo sigue actual.

En tiempos de Olimpiadas en Beijing, es saludable no olvidarse del Tank Man y de todas las libertades que él simboliza.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Sugestao de música: "Hit the road Jack!", de Ray Charles

Hit the Road, Jack! un tema escrito por Percy Mayfield, que Ray Charles llevó al número 1 de la lista de ventas en el año 1961.

La canción es un diálogo entre Ray Charles y sus Raylettes, el coro femenino liderado por Marjorie Hendricks. Precisamente esta última se encarga de rechazar con una contundente voz las súplicas de Ray. “No more, no more, no more”.

"Dê no pé, Jack!"


quarta-feira, 25 de junho de 2008

Historias olvidadas - "uma liçao de ética deportiva"

Numa partida de futebol, um dos times deveria entregar a bola ao outro, nesses lances que ocorrem por "fair play" (um jogador se machuca e o time adversário pára a jogada, por exemplo). Pois bem, só que um jogador, metido a espertalhao, revolveu quebrar a regra (que nao está escrita, mas que existe no nível da moralidade), e veja o que aconteceu.

Clicar aqui e assista: Sobre Ética.

entrevista con Loic Wacquant

Entrevista Loïc Wacquant, "A criminalização da pobreza" - não deixe de ler!!

O autoritarismo do MP gaúcho

No dia em que o Ministério Público do Rio Grande do Sul deu claras mostras de que lado está, ou seja, a serviço do latifúndio e do direito de propriedade "absoluto", coloco aqui um texto de Luis Fernando Veríssimo muito apropriado pra refletir sobre mais essa sandice. Depois de cinco séculos de concentraçao da terra nesse país e da sistemática exclusao dos camponeses na apropriaçao do território, ainda se ouvem as aberraçoes jurídicas desses ilustres, mas míopes e atrofiados mentalmente, promotores que querem a "dissoluçao do MST".

Eis o texto:

Provocações

09/06/2006
Luis Fernando Veríssimo


"A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão. A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso. Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.

Foram lhe provocando por toda a vida. Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça. Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.

Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava. Estavam lhe provocando.

Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.

Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa. Terra era o que não faltava. Passou anosouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.

Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.

Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação, reagiu.

E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele: VIOLÊNCIA NÃO!"


Agora eu pergunto:
Quem provoca quem, cara pálida?
Quem é violento com quem, cara pálida?
(foto de Sebastiao Salgado)

"Ocupar, resistir e produzir".

Viva o MST!

Por um Brasil sem latifúndio!

terça-feira, 24 de junho de 2008

"A vida do viajante" - Luis Gonzaga

Dia 24 de junho e eu aqui: sem licor de jenipapo, sem canjica, mingau de milho, pamonha, forró! Quem manda nao ficar quieto num canto! Bem apropriado é ouvir "A vida do viajante", do grande e único Luis Gonzaga, pra matar a saudade e pensar na vida.

Como me escreveu meu amigo Gilday: "mesmo estando do outro lado do atlântico, seu coração tá sentindo a energia que perpassa no coração do povo nordestino. O forró de são joão é uma demonstração litúrgica do povo".



Sugestao de entrevista - Carlos Minc, sabatinado pela Folha


Neste dia 23 de junho, o ministro do meio ambiente Carlos Minc foi sabatinado pelo jornal Folha de Sao Paulo. Vale a pena conferir. Dá pra se ter uma idéia geral da política ambiental do governo.

Confira aqui.
(Carlos Minc com Chico Mendes em 1987, no Rio de Janeiro/foto copiada do blog Mary Allegretti)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pra refletir

Se não houvesse senão uma chance sobre cem mil, uma ínfima probabilidade, eu apostaria mesmo assim (...) Eu tenho a paixão das causas difíceis, quase perdidas, quase desesperadas. É toda a diferença entre a falésia, confortavelmente sentada, contente de seu lugar, arrogante, condescendente consigo mesma, e a onda, que reflue, se retira, sem esquecer jamais de voltar à carga. Tu sabes quem, entre a falésia e a onda do mar, tem a última palavra?
Daniel Bensaïd (filósofo francês de inspiraçao trotskista e um dos líderes da revoluçao de maio de 68)

Só há bons ventos para quem sabe onde quer chegar.
Sabedoria popular portuguesa

Melhor andar para trás, do que andar para frente na direção errada.
Sabedoria popular inglesa

Essa é uma briga particular, ou qualquer um pode participar?
Sabedoria popular irlandesa

sábado, 21 de junho de 2008

Sugestao de Banda - "Amaral"


Amaral é uma banda originária da cidade de Zaragoza, formada por Eva Amaral e Juan Aguirre, vocalista e guitarrista respectivamente. Ambos sao também os compositores das músicas do grupo. O estilo é uma espécie de mistura de folk e rock, com letras de grande conteúdo poético. Doces melodias, com uma certa dose de melancolia e existencialismo, aliada à voz linda de Eva, sao uma verdadeira alegria aos ouvidos.

Acaba de lançar o seu 5º CD, Gato negro Dragón rojo, e é um sucesso absoluto. Tem 19 músicas, todas muito boas. O destaque que deram às guitarras, às vezes pesadas, às vezes suaves, ficou fantástico. Um disco adorável, excelente.

Entrando de vez nesse mundo da internet, colocaram as músicas no site, com a possibilidade de comprar o disco digital.

Recomendo Amaral aos amantes da boa música. Clique aqui.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Dois artigos interessantes sobre o Brasil - "El País" y "La Vanguardia"

"Ya es mañana en Brasil"

No mesmo dia em que o Ministério do Trabalho anunciou a criaçao record de empregos formais nos primeiros cinco meses do ano (mais de um milhao), dois artigos publicados na mídia espanhola tratam desse bom momento vivido pelo Brasil. Vale a pena ler os dois.

O primeiro é do Jornal El País e foi escrito por um editor do "The Economist". Em alusao àquele famoso mote de que "o Brasil é o país do futuro", o artigo apresenta o título "Já é amanha no Brasil". Acesse aqui.

O segundo artigo é do Jornal La Vanguardia, assinado pela jornalista Lorena Farras, e intitula-se "El azúcar en el depósito", e trata das potencialidades do país em matéria de bioetanol. Acesse clicando aqui.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Historias Olvidadas (VII) - "Maria Rosa", a líder do Contestado

Maria Rosa é como ficou conhecida uma das líderes da Guerra do Contestado (1912-1916).

Com apenas 15 anos, assumiu a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos do Contestado, que então eram cerca de 6000 homens, após a morte do monge João Maria.

É considerada como uma Joana D´Arc do sertão, pois "combatia montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos e no fuzil".

Foi a responsável por uma das derrotas mais contundentes infligidas às tropas oficiais. Conta-se que estas haviam tomado Taquaruçu, utilizando peças de artilharia e metralhadoras. Embora tivessem destruído completamente a localidade, as perdas humanas dos insurgente foram poucas, pois a maioria tinha se refugiado em Caraguatá, um local de difícil acesso.

Embaladas pela vitória em Taquaruçu, as tropas atacam Caraguatá em 9 de março de 1914, e aí o fracasso é total. Comandados por Maria Rosa, os revoltosos derrotam e perseguem os soldaos, que fogem em pânico.

Maria Rosa morreria um ano depois, em 28 de março de 1914, na vila de Reinchardt, lutando contra um efetivo de cerca de 710 homens.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Vida e morte

Ontem soube da notícia trágica de que houve um homicídio na minha terra. Ato insano por sua própria natureza, chocou ainda mais pela futilidade da motivaçao: numa manobra mal-sucedida, um motorista de um caminhao tocou e arranhou levemente uma moto. Sem saber, acabava de assinar sua sentença de morte. Três tiros à traiçao ceifou sua vida. Absoluta maldade, crua desumanidade, terrível estupidez, maldita perversidade que empalidece as cores do bem!
E aquele homem mergulhou, definitivamente, na transcendência, no mistério da eternidade.
(Vida e morte)

As cortinas precisam fechar,
O espetáculo acabou,
A luz se apaga.
O público se despede, se levanta, se retira.
O ator terminou a sua performance,
Nao há mais cena,
Nao há mais poema,
Nao há mais música,
Nao há mais melodia.
O ator se foi,
Cumpriu seu ato derradeiro.
A vida parece uma encenaçao teatral,
Às vezes, tragédia
Às vezes, drama
Às vezes, comédia.
É poiésis.
Presença,
Ausência,
Providência,
Mistério,
Início....fim!

Luciano

domingo, 15 de junho de 2008

Lembrando de um poeminha

Remexendo meus arquivos, descobri esse "esforço" de poema. Esperava alguém que, naquela noite, nao veio!

12/MAIO/2005
23:45 h

A porta aberta
A janela aberta
O livro aberto
A música aberta
Os sons abertos
Os olhos abertos
Os ouvidos abertos
O desejo, a vontade abertos
O coração aberto
Minh´alma aberta
Meu ser aberto à sua espera...
Pena! Você não veio.

(Luciano)

sábado, 14 de junho de 2008

Historia Olvidadas (VI) - A foto mais famosa do Che: "El Guerrillero Heróico"

Esta é a foto mais reproduzida da história da fotografia e, segundo alguns críticos, um dos dez melhores retratos fotográficos de todos os tempos. Presença obrigatória em manifestaçoes, protestos, e estampada em bandeiras, camisas, bonés, pôsters...é a foto-ícone da esquerda mundial e a mais famosa do Che.

Foi tirada pelo fotógrafo cubano Alberto Korda (Alberto Díaz Gutierrez), do Jornal Revolución, no funeral das 136 pessoas mortas no atentado perpetrado pelo CIA ao barco La Couvre, em 5 de março de 1960. Duas instantâneas apenas, uma vertical e outra horzontal. Esta última ia se tornar a foto de sua vida e o faria famoso.

O atentato terrorista da CIA provocou uma forte reaçao em todo o mundo. Diversas autoridades e personalidades da época compareceram no sepultamento das vítimas, que se transformou num ato de repúdio contra o imperialismo dos USA. "Eu estava a uns 8 ou 10 metros da tribuna de onde falava Fidel, e tinha uma câmara com uma lente semi-telefoto, quando percebi que o Che se aproximou do estrado, onde esta Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir", relembra Korda.

"O Che ficara num segundo plano. Se aproxima para olhar o mar de gente. Tenho-no no objetivo, tiro um e, logo, outro negativo, e nesse momento o Che se retira. Tudo aconteceu em meio minuto".

Quando chega ao jornal e revela, Korda percebe que é uma ótima foto do Che. Mas o jornal nao a publica. Só sete anos mais tarde essa imagem ia alcançar outra dimensao.

No verao de 1967, o editor italiano Giangiacomo Feltrinelli chega ao estúdio de Korda, procurando algumas fotos do Che. O fotógrafo oferece a ele, gentilmente, duas cópias daquela foto tirada sete anos atrás.

Em outubro daquele mesmo ano, morre o Che e Feltrinelli imprime a foto num cartaz de um metro por 70. Diz-se que vendeu um milhao de exemplares em seis meses.

Pronto! A foto de Korda se transforma em mito. Impressiona pela postura séria, rígida, estática, solene do Che, com sua jaqueta verde-ulivo fechada, sua boina negra e a estrela dourada. Se percebe em seu olhar uma cólera contida por aquelas mortes, há uma impactante força em seu semblante.

Korda a batizou de "O Guerrilheiro Heróico", e "imobilizou a bela cena" (no dizer de Rubem Alves).

Detalhe: Korda, morto em 2001, nunca recebeu um centavo pela foto, nem por seus direitos de autor. Apenas em 1981, uma jornalista italiana, fazendo um álbum sobre fotografia, apresentou as duas fotos e mencionou o seu autor. Só a partir daí, ganhou notoriedade.
(foto de Alberto Korda)

(a foto original)

"Hasta la victoria, siempre"!

Neste Sábado, 14 de junho, Ernesto Guevara de la Serna, el "Che", completaria 80 anos. Este argentino de Rosário, um dos principais artífices da Revoluçao Cubana, morto aos 39 anos, parece ter adquirido "esse perigoso costume de continuar nascendo", como disse Eduardo Galeano. Todo um símbolo. Todo um mito para os sonhadores e sonhadoras de "um outro mundo possível".

Com a palavra Eduardo Galeano
:

El nacedor

"¿Por qué será que el Che tiene esta peligrosa costumbre de seguir naciendo? Cuanto más lo insultan, lo traicionan, más nace. Él es el más nacedor de todos. ¿No será porque el Che decía lo que pensaba, y hacía lo que decía? ¿No será que por eso sigue siendo tan extraordinario, en un mundo donde las palabras y los hechos muy rara vez se encuentran, y cuando se encuentran no se saludan, porque no se reconocen?"

"Indignar-se contra qualquer injustiça praticada sobre qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo é a maior qualidade de um revolucionário." (Che)

Links:

- Assista um trecho do célebre discurso do Che na Assembléia da ONU de 1964, como representante do governo cubano: clique aqui.

- Ouça a música "Hasta siempre, comandante!", cantada por seu compositor, Carlos Puebla, clicando aqui.

Romaria, de José Inácio Vieira de Melo

(do blog do noblat)

Dentro de mim, nas lonjuras,
bem dentro do meu juízo,
um romeiro caminhando
em busco do que preciso.

Oh que caminho tão longe
cheio de pedra e de areia,
tenho que firmar o passo
e romper essas cadeias.

Pergunto, em meu desatino,
aonde ir? Que lugar?
Por que a sina da cigarra
Esparramando o cantar?

Certo, sou aquele que parte
numa eterna romaria,
faça sol ou faça chuva,
seja de noite ou de dia.

O caminho que percorro
não o da Rosa dos Ventos,
pois ele surge do nada,
de acordo com o momento.

Oh que estrada mais comprida,
tanto azul, tanta poeira,
em que plaga do Universo
estará meu Juazeiro?

Cada qual tem seu destino:
Pedro Vaqueiro tangia
gado pelo mundo afora;
seu Fortunato fazia

forno pra queimar tijolo;
Manezin Tetê, meu tio,
caçava tatu e onça
com o luzeiro dos pavios.

Lá me vou com minha cruz,
são poucos beiços de açude
e tantas léguas tiranas.
Maior e vária é esta sede

que vale cada passada
desta minha romaria.
Peregrino de mim mesmo
no meio da travessia.

José Inácio Vieira de Melo é poeta e jornalista. Publicou os livros Decifração de Abismos (2002) e A Terceira Romaria (2005), dentre outros. É co-editor da revista Iararana e colunista da revista Cronópios. Coordena o projeto Poesia na Boca da Noite. Leia mais sobre José Inácio Vieira de Melo.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Historias olvidadas (V) - lembrança de uma sombria sexta-feira 13


Sexta-feira, 13 de Dezembro de 1968. Há exatos 39 anos, num ato, o terror: governo militar do Brasil decreta o AI-5, que conferia ao presidente da República, à época Costa e Silva, à revelia do Legislativo e do Judiciário, poder para decretar o recesso do Congresso Nacional, das assembléias legislativas e câmaras municipais, intervir nos estados e municípios, suspender os direitos políticos por dez anos de qualquer cidadão e cassar os mandatos de parlamentares, impor o estado de sítio. O ato suspendia o habeas corpus para crimes contra a segurança nacional, a ordem econômica e a economia popular e decretava o fim da vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade nas funções públicas.

Iniciava-se, assim, uma das noites mais sombrias da história brasileira.

Depois de anunciar a medida, do Palácio das Laranjeiras, no Rio, o ministro da Justiça, Luiz Antônio Gama e Silva, na saída, disse: “Esta sexta-feira foi 13 para muita gente”!

O ato, sua história e seu contexto político está narrado no segundo capítulo do livro “As moças de Minas”, do jornalista e escritor Luiz Manfredini.

(capa do Jornal da Tarde, em 13/dez/1968)

Sugestão de Blog: "O caso de VEJA", de Luis Nassif


Em "o Caso de Veja", o jornalista Luis Nassif destrincha "o maior fenômeno do anti-jornalismo": a revista Veja. Revela como - em suas próprias palavras - "o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico".

As contradiçoes, os factóides, as montagens, as manipulaçoes de fontes, os falsos dossiês, a promisciudade com os lobbystas, as "pérolas" de Diogo Mainardi...sao alguns dos pontos destrinchados por Nassif.

Recomendaçao especial vai para o tópico "a cara de Veja", em que o autor aborda o blog de Reinaldo Azevedo, considerado por ele como a cara da revista, por ter a incumbência de fazer os mais chulos, rasteiros, preconceituosos e caluniosos ataques aos adversários e, por outro lado, bajular os aliados e a própria empresa.

Para acessar ao blog, clique aqui.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sugestao de Site - Vida e obra de José Martí


Recomendo um Site sobre a vida e obra de José Julián Martí y Pérez (1853-1895), "El Apóstol". Foi político, pensador, jornalista e filósofo cubano, artífice da Guerra Necessária (ou la Guerra del 95), a última guerra pela independência de Cuba frente ao domínio espanhol. Seu pensamento transcendeu as fronteiras de Cuba para adquirir um caráter universal.

Clique aqui.

(A foto acima foi copiada do blog Generación Y, da cubana Yoani Sánchez).

Excelente notícia - regulamentada a Convençao 182 da OIT

A OIT, Organização Internacional do Trabalho, em 7 de junho de 1999, em sua 87ª Reunião, adotou a Convençao 182, que trata da PROIBIÇÃO DAS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL E AÇÃO IMEDIATA PARA SUA ELIMINAÇÃO.

As convençoes da OIT têm a natureza jurídica de tratados internacionais, que, uma vez ratificadas pelos Estados-membros, passam a fazer parte da legislaçao nacional.

No caso da Convençao 182, esta foi aprovada pelo Congresso Nacional no mesmo ano de sua adoçao, em dezembro de 1999, por meio do Decreto Legislativo no 178. Em 02 de fevereiro de 2000, o governo depositou o Instrumento de Ratificação, passando a Convençao a vigorar, para o Brasil, na mesma data do ano seguinte.

No entanto, faltava ainda regulamentá-la. E, em comemoração ao Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, que se celebra hoje (12), o presidente Lula assinou o decreto de regulamentaçao.

"Com a medida, o governo brasileiro adota e amplia uma lista das piores formas de trabalho infantil, que abrange todas as formas de escravidão e atividades como utilização de crianças para fins de exploração sexual comercial e para produção e tráfico de entorpecentes" (Agência Brasil).

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Historias Olvidadas IV - "Dolores Ibárruri, La Pasionaria" - "NO PASARÁN!"

NO PASARÁN! NO PASARÁN!

Em 6 de novembro de 1936, as forças fascistas estavam às portas de Madri. O governo republicano abandona a cidade, deixando apenas uma junta de defesa e cartazes avisando aos civis: "Evacuem Madri! Evacuem Madri!" Instigado por um discurso inflamado, encorajador e emocionante de uma mulher, transmitido por uma rádio, o povo madrilenho decide resistir. "NAO PASSARAO! NAO PASSARAO", repetia ela. Imediatamente, novas faixas e cartazes se espalham pelas ruas: "No pasarán! Madrid será la tumba del fascismo". E o que era impossível acontece: nesse ano, Madri nao cai, por obra e graça de Dolores Ibárruri...La Pasionaria.


(Cartazes "Evacuem Madri")

(Cartaz da resistência popular)

Está aí uma dessas mulheres, cuja história de vida todos deviam conhecer. O grande protagonismo que teve na conturbada vida política espanhola da década de 1930, num tempo de escasso espaço reservado à mulher, a torna um dos mais importantes símbolos históricos da luta popular anti-fascista e anti-imperialista, e um ícone do movimento libertário mundial.

Nasceu em Vizcaya (1895), País Basco, filha de uma pobre família de mineiros. Desde cedo, teve que trabalhar: primeiro como doméstica, e depois como costureira. Em 1916, casa-se com um mineiro socialista, de quem aprende conhecimentos rudimentares de marxismo. Inicia sua militância política nas Juventudes Socialistas, das quais se separa para fundar o Partido Comunista Espanhol, em 1920, do qual será um quadro qualificado (inclusive, como membro do Comitê Central).

Participa ativamente da grande greve geral de 1917, convocada conjuntamente pelos sindicatos UGT (ligado aos socialistas) e CNT (dos anarquistas). Um ano depois, publica o célebre artigo “El Minero Vizcaíno”, assinando-o com o pseudônimo “La Pasionaria”, em lembrança à admiraçao que, desde criança, sentia pela Paixao de Cristo e porque a publicaçao coincidia com a semana santa.

Mas, sua atuaçao se intensificou mesmo foi nos anos ’30, no contexto dos eventos convulsivos que levaram a Espanha, em 1939, à ditadura franquista. Como se sabe, em 1931 se proclama la II República, sendo o governo formado pelo partido socialista e outros grupos de esquerda. Em 1936, nao se conformando com a ordem democrática estabelecida, as forças conservadores e fascitas promovem um levantamento militar, cujo líder maior é Francisco Franco. Nos três anos seguintes, a Espanha mergulha numa terrível guerra civil, resultando em quase um milhao de mortos e uma cruel ditadura de quase 40 anos.

Nos primeiros anos da República, La Pasionaria, fortemente ligada ao movimento mineiro-operário, se destaca como uma aguerrida militante comunista, o que lhe rende, em várias ocasioes, a prisao. Ainda no seio da sociedade civil, sem deixar de lado a redaçao do jornal comunista Mundo Operário, vem a ser presidente da Uniao das Mulheres Anti-Fascitas. No campo político, participa ativamente dos congressos da Internacional Comunista, da Assembléia Constituinte e, finalmente, se elege como deputada do PCE por Astúrias, regiao de fortes sindicatos de mineiros.

Iniciada a Guerra Civil, La Pasionara se converte num mito para parte da Espanha, por sua capacidade de unir as forças republicanas (socialistas, comunistas, anarquistas e democrático-progressitas) na luta contra os fascistas sublevados. Como vice-presidenta do Congresso dos Deputados, passa a se deslocar pelo país organizando e animando a resistência popular e as forças leais à República, como as brigadas internacionais.

Seus discursos incendiavam os combatentes republicanos, ficando popularmente conhecidas a expressao “Antes morrer em pé que viver de joelhos” (original de Emiliano Zapata) e, sobretudo, o grito “No pasarán!”, pronunciado durante o mítico discurso que fez na Unión Radio de Madri, e celebrizado pelos madrilenhos na heróica defesa da cidade.

Terminada a Guerra Civil, com a vitória dos fascistas, La Pasionaria consegue exilar-se na URSS, tornando-se, posteriormente, em 1942, Secretária Geral do clandestino PCE, e em 1960, presidenta. Nesse mesmo período, torna-se membro do Secretariado da Internacional Comunista.

Depois da morte do ditador Franco e no período da transiçao democrática, La Pasionaria volta, definitivamente, à Espanha em 1977, elegendo-se, mais uma vez, aos 82 anos, deputada por Astúrias nas primeiras eleiçoes democráticas. Morre em Madri, em 1989.

Assista a um trecho do discurso pronunciado na Unión Radio de Madrid, clicando aqui.
Íntegra do discurso "No pasarán!", aqui.
Entrevista com Pasionaria em 1977, clique aqui.
O "No pasarán!" de Madri, aqui.
Cartazes Republicanos da Guerra Civil Espanhola, aqui e aqui.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Documentário "Vozes contra a globalizaçao" - último capítulo


7º capítulo: “El siglo de la gente”. Duraçao: 26' 04''

El séptimo capítulo que cierra esta serie documental se centra en los sucesos de Seattle y Génova, acude al Foro Social de Portoalegre y al de Caracas y plantea si otro mundo es posible. También se pregunta cómo ha de ser ese mundo que ya está naciendo.

Documentário "Vozes contra a globalizaçao" - Capítulos 5º e 6º

5º capítulo: "Camino de la extinción”. Duraçao: 50' 58''

El quinto capítulo enfrenta al telespectador al calentamiento global, a la perdida de millones de especies, a la insensibilidad de los políticos y a la despreocupación de los ciudadanos ante un panorama que ha levantado ya las alarmas de los científicos de todo el mundo quienes opinan que la forma de vida de una parte de la humanidad va a condenar a toda al especie.

Clique aqui e assista.


6º capítulo: “La larga noche de los 500 años”. Duraçao: 48' 09''

La sexta entrega comienza en San Cristóbal de las Casas (México) en enero de 1994, cuando el subcomandante Marcos inicia las revueltas contra la globalización precisamente el mismo día que entra en vigor el Tratado de Libre Comercio entre América del Norte y México. En este capítulo se analiza, a través de las voces de los indígenas y de los intelectuales, la pérdida de la tierra en el mundo, la pérdida de la identidad, la uniformidad de las culturas, las privatizaciones y el nuevo panorama en América Latina.

Clique aqui e assita.

Documentário "Vozes contra a Globalizaçao" - Capítulos 3º e 4º


3º capítulo: "El mundo de hoy". Duraçao: 51' 52''

El tercer capítulo plantea si es posible que una sola potencia pueda dominar el mundo, cómo influye la industria del miedo en los ciudadanos, en manos de quién están los grandes medios de comunicación y cuál es su papel o los esfuerzos por un mundo mejor.

"es posible que una sola potencia pueda dominar el mundo? como influye la industria del miedo en los ciudadanos ? en manos de quien están los grandes medios de comunicación y cúal es su papel, los esfuerzos por un mundo mejor?"

Clique aqui e assista.


4º capítulo:
“Un mundo desigual”. Duraçao: 55' 29''

Este cuarto episodio, aborda la situación de la pobreza en relación al consumo en el mundo, las áreas de miseria en los países desarrollados, las pandemias, el comportamiento de las grandes multinacionales farmacéuticas en los países en los que un tercio de la humanidad vive con menos de un dólar al día. Hasta hace poco, según se recoge en esta entrega, el presupuesto de Naciones Unidas era de 1,2 billones de dólares, seis veces menos que lo que los norteamericanos se gastan en cosméticos.

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Documentário: Vozes contra a globalizaçao, outro mundo é possível - capítulos 1º e 2º


"Voces contra la globalización, outro mundo é possível" é uma série de documentários que o canal público TVE (Televisión Española) produziu há 2 anos. Excelente! Sao sete capítulos que tratam da globalizaçao desde um ponto de vista crítico, com análises de temas e problemas ainda muito atuais e com depoimentos de grandes personagens do pensamento altermundista, tais como José Saramago, Pedro Casaldáliga, Eduardo Galeano, Jean Ziegler, Ignacio Ramonet, José Bové, Manu Chao, Giovanni Sartori, María José Fariñas (minha professora no mestrado), dentre outros.

Vale a pena assistir, com paciência, cada um deles.

1º capítulo: "Los amos del mundo" (os donos do mundo) Duraçao: 53`38``

Este primer capítulo analiza el poder real de los políticos y la posibilidad de otro mundo más justo.
"¿Quién gobierna el mundo? ¿Cuál es el poder real de los políticos? ¿Sabe Vd. que el volumen de negocios de una sola multinacional es superior al producto interior bruto de muchos países, incluidos Austria o Dinamarca? ¿Cuál es el papel de los paraísos fiscales que dan cobijo al dinero del crimen o al de la corrupción? ¿Por qué se permiten la existencia de esto territorios sin ley? ¿Cuál es el papel real de organismos como el Fondo Monetario Internacional, el Banco Mundial o la Organización Mundial del Comercio? ¿Qué pasó realmente en la Argentina para que su economía se viniera abajo?"

Clique aqui e assista.

2º capítulo: "La estrategia de Simbad" (a estratégia de Simbá). Duraçao: 52´

"En el segundo capítulo, se muestra el nuevo panorama laboral en el mundo: las deslocalizaciones de empresas, las grandes áreas de producción mundial (China e India), la inmigración, la perdida de la sociedad del bienestar en Europa, las privatizaciones, la perdida de los derechos laborales, la victoria de la economía especulativa sobre la economía productiva y la política económica neoliberal".

Clique aqui e assista.

domingo, 8 de junho de 2008

Histórias Olvidas (III) - A Fogueira das Vaidades


Girólamo Savonarola foi religioso e político italiano (1552-1598), inspirador da II República Florentina (1594). Era um pregador violento, pois nas suas homilias ameaçava e denunciava os vícios, seja dos cidadaos, como também dos políticos e da própria Igreja.

Em 7 de fevereiro de 1497, uma terça-feira de Carnaval, protagonizou um dos exemplos mais contundentes de fundamentalismo católico. Realizou a maior e mais famosa Fogueira das Vaidades na Praça da Senhoria, em Florência. Seus seguidores recolheram e quiemaram publicamente milhares de objetos tidos como pecaminosos, como espelhos, maquiagem, vestidos luxuosos, até instrumentos musicais. Também havia livros, muitos, tidos como imorais (de Petrarca e Boccaccio), manuscritos de músicas "do mundo", quadros com pinturas de temas mitológicos clássicos realizados por Michelangelo e Sandro Botticelli (este, inclusive, se encarregou ele mesmo de colocar na fogueira), etc.
Pra quem acha que fundamentalismo é uma marca do islamismo, está aí uma prova de que nao.

Justiça seja feita a Savonarola: embora ele usasse frequentemente as fogueiras das vaidades em suas pregaçoes, é preciso dizer que essa nao é uma invençao dele. Já era uma prática antiga, inclusive usada por Bernardino de Siena em suas pregaçoes ao ar livre.

O fim de Savonarola foi trágico. Seus ferozes ataques ao Papa Alexandre VI, da família dos Borjas, e que nao era nenhum poço de virtudes, acabou por render-lhe a excomunhao e a fogueira, na mesma praça onde realizava suas "fogueiras das vaidades". Conta-se que demorou muito em queimar-se. Por isso, seus restos eram repetidamente devolvidos às chamas, para que seus seguidores nao os conservassem como relíquia.
Dentre os milhares de florentinos que testemunharam o fato, estava Maquiavel, que escreveu sobre a execuçao.

O caso de Savonarola foi reconhecido como um dos grandes erros da Igreja, assim como o foi o de Galileu. De fato, hoje ele é hoje considerado servo de Deus, um título que Igreja dá quando aceita abrir um processo de canonizaçao.
(placa indicativa do lugar onde foi queimado Savonarola, na Piazza della Signoria)

Imagens de Florência (II)

Outro lugar de Florência que nao se pode deixar de ir é a Piazza della Signoria, a maior praça da cidade e palco de acontecimentos importantes, como a execuçao de Savonarola. Alberga o Palacio Velho, emblemático edifício da vida política florentina, com sua torre de 95 metros de altura; a Loggia della Signoria, um corredor que funciona como um museo ao ar livre com obras como Perseu (1554), de Cellini, e o Rapto das Sabinas e o Hércules, de Giambologna; a Fonte de Netuno, de Bartoloneu Ammannati; a réplica do Davi, de Michelangelo (o verdadeiro está na Galeria da Academia). Ao lado da praça, há a Galeria degli Uffizi, um dos mais bonitos museus de Florência.
(Perseu, de Cellini)
(fonte de Netuno)

(vista panorâmica do rio Arno)

Imagens de Florência (I)

Florência é um museo a céu aberta. A quantidade de obras artísticas em cada praça, rua, beco é simplesmente impressionante. É uma cidade linda em todos os aspectos: pela beleza propriamente dita, o charme que lhe dá o rio Arno, a história que a envolve, o patrimônio cultural que detém. Foi o berço do Renascimento. Por lá deixaram traços: Michelangelo, Leonardo da Vinci, Botticelli, Rafaello, Galileu, Dante Alighieri, Maquiavel, Savanarola e, claro, a família dos Médici.
Tem pouco menos de 400 mil habitantes. E, definitivamente, convém percorrê-la pé, pelo menos o centro histórico.
(Cadetral)
Esta primeira imagem é o Duomo, a catedral, dedicada a Santa Maria del Fiore. Impressionam os detalhes da fachada, as pinturas internas, como o juizo final, a cúpula e a torre. À frente da catedral se acha o suntuoso Batistério, com os baixo-relevos de Ghiberti. Formidável!

(o campanário)

O Campanário, projetado por Giotto, tem a impressionante altura de 84 metros e é todo revestido de mármore branco, verde e vermelho. Subir pelas estreitas escadarias exige muito esforço, mas recompensa pela vista lá de cima.

(vista do campanário)

Esta é uma das vista da cidade, de cima do campanário: no fundo, a Praça da República, uma das principais da cidade.

(cúpula da Catedral)
Outra vista muita bonita é a da Cúpula, com seus 45 metros de diâmetro e 100 metros de altura.