(do blog do noblat)
Dentro de mim, nas lonjuras,
bem dentro do meu juízo,
um romeiro caminhando
em busco do que preciso.
Oh que caminho tão longe
cheio de pedra e de areia,
tenho que firmar o passo
e romper essas cadeias.
Pergunto, em meu desatino,
aonde ir? Que lugar?
Por que a sina da cigarra
Esparramando o cantar?
Certo, sou aquele que parte
numa eterna romaria,
faça sol ou faça chuva,
seja de noite ou de dia.
O caminho que percorro
não o da Rosa dos Ventos,
pois ele surge do nada,
de acordo com o momento.
Oh que estrada mais comprida,
tanto azul, tanta poeira,
em que plaga do Universo
estará meu Juazeiro?
Cada qual tem seu destino:
Pedro Vaqueiro tangia
gado pelo mundo afora;
seu Fortunato fazia
forno pra queimar tijolo;
Manezin Tetê, meu tio,
caçava tatu e onça
com o luzeiro dos pavios.
Lá me vou com minha cruz,
são poucos beiços de açude
e tantas léguas tiranas.
Maior e vária é esta sede
que vale cada passada
desta minha romaria.
Peregrino de mim mesmo
no meio da travessia.
José Inácio Vieira de Melo é poeta e jornalista. Publicou os livros Decifração de Abismos (2002) e A Terceira Romaria (2005), dentre outros. É co-editor da revista Iararana e colunista da revista Cronópios. Coordena o projeto Poesia na Boca da Noite. Leia mais sobre José Inácio Vieira de Melo.
sábado, 14 de junho de 2008
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