sexta-feira, 27 de junho de 2008

Sugestao de música: "Hit the road Jack!", de Ray Charles

Hit the Road, Jack! un tema escrito por Percy Mayfield, que Ray Charles llevó al número 1 de la lista de ventas en el año 1961.

La canción es un diálogo entre Ray Charles y sus Raylettes, el coro femenino liderado por Marjorie Hendricks. Precisamente esta última se encarga de rechazar con una contundente voz las súplicas de Ray. “No more, no more, no more”.

"Dê no pé, Jack!"


quarta-feira, 25 de junho de 2008

Historias olvidadas - "uma liçao de ética deportiva"

Numa partida de futebol, um dos times deveria entregar a bola ao outro, nesses lances que ocorrem por "fair play" (um jogador se machuca e o time adversário pára a jogada, por exemplo). Pois bem, só que um jogador, metido a espertalhao, revolveu quebrar a regra (que nao está escrita, mas que existe no nível da moralidade), e veja o que aconteceu.

Clicar aqui e assista: Sobre Ética.

entrevista con Loic Wacquant

Entrevista Loïc Wacquant, "A criminalização da pobreza" - não deixe de ler!!

O autoritarismo do MP gaúcho

No dia em que o Ministério Público do Rio Grande do Sul deu claras mostras de que lado está, ou seja, a serviço do latifúndio e do direito de propriedade "absoluto", coloco aqui um texto de Luis Fernando Veríssimo muito apropriado pra refletir sobre mais essa sandice. Depois de cinco séculos de concentraçao da terra nesse país e da sistemática exclusao dos camponeses na apropriaçao do território, ainda se ouvem as aberraçoes jurídicas desses ilustres, mas míopes e atrofiados mentalmente, promotores que querem a "dissoluçao do MST".

Eis o texto:

Provocações

09/06/2006
Luis Fernando Veríssimo


"A primeira provocação ele agüentou calado. Na verdade, gritou e esperneou. Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas. E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão. A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria. Não reclamou porque não era disso. Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.

Foram lhe provocando por toda a vida. Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça. Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme.

Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos. Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava. Estavam lhe provocando.

Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.

Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era. Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa. Terra era o que não faltava. Passou anosouvindo falar em reforma agrária. Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.

Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida. Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.

Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou. Na décima milésima provocação, reagiu.

E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele: VIOLÊNCIA NÃO!"


Agora eu pergunto:
Quem provoca quem, cara pálida?
Quem é violento com quem, cara pálida?
(foto de Sebastiao Salgado)

"Ocupar, resistir e produzir".

Viva o MST!

Por um Brasil sem latifúndio!

terça-feira, 24 de junho de 2008

"A vida do viajante" - Luis Gonzaga

Dia 24 de junho e eu aqui: sem licor de jenipapo, sem canjica, mingau de milho, pamonha, forró! Quem manda nao ficar quieto num canto! Bem apropriado é ouvir "A vida do viajante", do grande e único Luis Gonzaga, pra matar a saudade e pensar na vida.

Como me escreveu meu amigo Gilday: "mesmo estando do outro lado do atlântico, seu coração tá sentindo a energia que perpassa no coração do povo nordestino. O forró de são joão é uma demonstração litúrgica do povo".



Sugestao de entrevista - Carlos Minc, sabatinado pela Folha


Neste dia 23 de junho, o ministro do meio ambiente Carlos Minc foi sabatinado pelo jornal Folha de Sao Paulo. Vale a pena conferir. Dá pra se ter uma idéia geral da política ambiental do governo.

Confira aqui.
(Carlos Minc com Chico Mendes em 1987, no Rio de Janeiro/foto copiada do blog Mary Allegretti)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pra refletir

Se não houvesse senão uma chance sobre cem mil, uma ínfima probabilidade, eu apostaria mesmo assim (...) Eu tenho a paixão das causas difíceis, quase perdidas, quase desesperadas. É toda a diferença entre a falésia, confortavelmente sentada, contente de seu lugar, arrogante, condescendente consigo mesma, e a onda, que reflue, se retira, sem esquecer jamais de voltar à carga. Tu sabes quem, entre a falésia e a onda do mar, tem a última palavra?
Daniel Bensaïd (filósofo francês de inspiraçao trotskista e um dos líderes da revoluçao de maio de 68)

Só há bons ventos para quem sabe onde quer chegar.
Sabedoria popular portuguesa

Melhor andar para trás, do que andar para frente na direção errada.
Sabedoria popular inglesa

Essa é uma briga particular, ou qualquer um pode participar?
Sabedoria popular irlandesa

sábado, 21 de junho de 2008

Sugestao de Banda - "Amaral"


Amaral é uma banda originária da cidade de Zaragoza, formada por Eva Amaral e Juan Aguirre, vocalista e guitarrista respectivamente. Ambos sao também os compositores das músicas do grupo. O estilo é uma espécie de mistura de folk e rock, com letras de grande conteúdo poético. Doces melodias, com uma certa dose de melancolia e existencialismo, aliada à voz linda de Eva, sao uma verdadeira alegria aos ouvidos.

Acaba de lançar o seu 5º CD, Gato negro Dragón rojo, e é um sucesso absoluto. Tem 19 músicas, todas muito boas. O destaque que deram às guitarras, às vezes pesadas, às vezes suaves, ficou fantástico. Um disco adorável, excelente.

Entrando de vez nesse mundo da internet, colocaram as músicas no site, com a possibilidade de comprar o disco digital.

Recomendo Amaral aos amantes da boa música. Clique aqui.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Dois artigos interessantes sobre o Brasil - "El País" y "La Vanguardia"

"Ya es mañana en Brasil"

No mesmo dia em que o Ministério do Trabalho anunciou a criaçao record de empregos formais nos primeiros cinco meses do ano (mais de um milhao), dois artigos publicados na mídia espanhola tratam desse bom momento vivido pelo Brasil. Vale a pena ler os dois.

O primeiro é do Jornal El País e foi escrito por um editor do "The Economist". Em alusao àquele famoso mote de que "o Brasil é o país do futuro", o artigo apresenta o título "Já é amanha no Brasil". Acesse aqui.

O segundo artigo é do Jornal La Vanguardia, assinado pela jornalista Lorena Farras, e intitula-se "El azúcar en el depósito", e trata das potencialidades do país em matéria de bioetanol. Acesse clicando aqui.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Historias Olvidadas (VII) - "Maria Rosa", a líder do Contestado

Maria Rosa é como ficou conhecida uma das líderes da Guerra do Contestado (1912-1916).

Com apenas 15 anos, assumiu a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos do Contestado, que então eram cerca de 6000 homens, após a morte do monge João Maria.

É considerada como uma Joana D´Arc do sertão, pois "combatia montada em um cavalo branco com arreios forrados de veludo, vestida de branco, com flores nos cabelos e no fuzil".

Foi a responsável por uma das derrotas mais contundentes infligidas às tropas oficiais. Conta-se que estas haviam tomado Taquaruçu, utilizando peças de artilharia e metralhadoras. Embora tivessem destruído completamente a localidade, as perdas humanas dos insurgente foram poucas, pois a maioria tinha se refugiado em Caraguatá, um local de difícil acesso.

Embaladas pela vitória em Taquaruçu, as tropas atacam Caraguatá em 9 de março de 1914, e aí o fracasso é total. Comandados por Maria Rosa, os revoltosos derrotam e perseguem os soldaos, que fogem em pânico.

Maria Rosa morreria um ano depois, em 28 de março de 1914, na vila de Reinchardt, lutando contra um efetivo de cerca de 710 homens.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Vida e morte

Ontem soube da notícia trágica de que houve um homicídio na minha terra. Ato insano por sua própria natureza, chocou ainda mais pela futilidade da motivaçao: numa manobra mal-sucedida, um motorista de um caminhao tocou e arranhou levemente uma moto. Sem saber, acabava de assinar sua sentença de morte. Três tiros à traiçao ceifou sua vida. Absoluta maldade, crua desumanidade, terrível estupidez, maldita perversidade que empalidece as cores do bem!
E aquele homem mergulhou, definitivamente, na transcendência, no mistério da eternidade.
(Vida e morte)

As cortinas precisam fechar,
O espetáculo acabou,
A luz se apaga.
O público se despede, se levanta, se retira.
O ator terminou a sua performance,
Nao há mais cena,
Nao há mais poema,
Nao há mais música,
Nao há mais melodia.
O ator se foi,
Cumpriu seu ato derradeiro.
A vida parece uma encenaçao teatral,
Às vezes, tragédia
Às vezes, drama
Às vezes, comédia.
É poiésis.
Presença,
Ausência,
Providência,
Mistério,
Início....fim!

Luciano

domingo, 15 de junho de 2008

Lembrando de um poeminha

Remexendo meus arquivos, descobri esse "esforço" de poema. Esperava alguém que, naquela noite, nao veio!

12/MAIO/2005
23:45 h

A porta aberta
A janela aberta
O livro aberto
A música aberta
Os sons abertos
Os olhos abertos
Os ouvidos abertos
O desejo, a vontade abertos
O coração aberto
Minh´alma aberta
Meu ser aberto à sua espera...
Pena! Você não veio.

(Luciano)

sábado, 14 de junho de 2008

Historia Olvidadas (VI) - A foto mais famosa do Che: "El Guerrillero Heróico"

Esta é a foto mais reproduzida da história da fotografia e, segundo alguns críticos, um dos dez melhores retratos fotográficos de todos os tempos. Presença obrigatória em manifestaçoes, protestos, e estampada em bandeiras, camisas, bonés, pôsters...é a foto-ícone da esquerda mundial e a mais famosa do Che.

Foi tirada pelo fotógrafo cubano Alberto Korda (Alberto Díaz Gutierrez), do Jornal Revolución, no funeral das 136 pessoas mortas no atentado perpetrado pelo CIA ao barco La Couvre, em 5 de março de 1960. Duas instantâneas apenas, uma vertical e outra horzontal. Esta última ia se tornar a foto de sua vida e o faria famoso.

O atentato terrorista da CIA provocou uma forte reaçao em todo o mundo. Diversas autoridades e personalidades da época compareceram no sepultamento das vítimas, que se transformou num ato de repúdio contra o imperialismo dos USA. "Eu estava a uns 8 ou 10 metros da tribuna de onde falava Fidel, e tinha uma câmara com uma lente semi-telefoto, quando percebi que o Che se aproximou do estrado, onde esta Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir", relembra Korda.

"O Che ficara num segundo plano. Se aproxima para olhar o mar de gente. Tenho-no no objetivo, tiro um e, logo, outro negativo, e nesse momento o Che se retira. Tudo aconteceu em meio minuto".

Quando chega ao jornal e revela, Korda percebe que é uma ótima foto do Che. Mas o jornal nao a publica. Só sete anos mais tarde essa imagem ia alcançar outra dimensao.

No verao de 1967, o editor italiano Giangiacomo Feltrinelli chega ao estúdio de Korda, procurando algumas fotos do Che. O fotógrafo oferece a ele, gentilmente, duas cópias daquela foto tirada sete anos atrás.

Em outubro daquele mesmo ano, morre o Che e Feltrinelli imprime a foto num cartaz de um metro por 70. Diz-se que vendeu um milhao de exemplares em seis meses.

Pronto! A foto de Korda se transforma em mito. Impressiona pela postura séria, rígida, estática, solene do Che, com sua jaqueta verde-ulivo fechada, sua boina negra e a estrela dourada. Se percebe em seu olhar uma cólera contida por aquelas mortes, há uma impactante força em seu semblante.

Korda a batizou de "O Guerrilheiro Heróico", e "imobilizou a bela cena" (no dizer de Rubem Alves).

Detalhe: Korda, morto em 2001, nunca recebeu um centavo pela foto, nem por seus direitos de autor. Apenas em 1981, uma jornalista italiana, fazendo um álbum sobre fotografia, apresentou as duas fotos e mencionou o seu autor. Só a partir daí, ganhou notoriedade.
(foto de Alberto Korda)

(a foto original)

"Hasta la victoria, siempre"!

Neste Sábado, 14 de junho, Ernesto Guevara de la Serna, el "Che", completaria 80 anos. Este argentino de Rosário, um dos principais artífices da Revoluçao Cubana, morto aos 39 anos, parece ter adquirido "esse perigoso costume de continuar nascendo", como disse Eduardo Galeano. Todo um símbolo. Todo um mito para os sonhadores e sonhadoras de "um outro mundo possível".

Com a palavra Eduardo Galeano
:

El nacedor

"¿Por qué será que el Che tiene esta peligrosa costumbre de seguir naciendo? Cuanto más lo insultan, lo traicionan, más nace. Él es el más nacedor de todos. ¿No será porque el Che decía lo que pensaba, y hacía lo que decía? ¿No será que por eso sigue siendo tan extraordinario, en un mundo donde las palabras y los hechos muy rara vez se encuentran, y cuando se encuentran no se saludan, porque no se reconocen?"

"Indignar-se contra qualquer injustiça praticada sobre qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo é a maior qualidade de um revolucionário." (Che)

Links:

- Assista um trecho do célebre discurso do Che na Assembléia da ONU de 1964, como representante do governo cubano: clique aqui.

- Ouça a música "Hasta siempre, comandante!", cantada por seu compositor, Carlos Puebla, clicando aqui.

Romaria, de José Inácio Vieira de Melo

(do blog do noblat)

Dentro de mim, nas lonjuras,
bem dentro do meu juízo,
um romeiro caminhando
em busco do que preciso.

Oh que caminho tão longe
cheio de pedra e de areia,
tenho que firmar o passo
e romper essas cadeias.

Pergunto, em meu desatino,
aonde ir? Que lugar?
Por que a sina da cigarra
Esparramando o cantar?

Certo, sou aquele que parte
numa eterna romaria,
faça sol ou faça chuva,
seja de noite ou de dia.

O caminho que percorro
não o da Rosa dos Ventos,
pois ele surge do nada,
de acordo com o momento.

Oh que estrada mais comprida,
tanto azul, tanta poeira,
em que plaga do Universo
estará meu Juazeiro?

Cada qual tem seu destino:
Pedro Vaqueiro tangia
gado pelo mundo afora;
seu Fortunato fazia

forno pra queimar tijolo;
Manezin Tetê, meu tio,
caçava tatu e onça
com o luzeiro dos pavios.

Lá me vou com minha cruz,
são poucos beiços de açude
e tantas léguas tiranas.
Maior e vária é esta sede

que vale cada passada
desta minha romaria.
Peregrino de mim mesmo
no meio da travessia.

José Inácio Vieira de Melo é poeta e jornalista. Publicou os livros Decifração de Abismos (2002) e A Terceira Romaria (2005), dentre outros. É co-editor da revista Iararana e colunista da revista Cronópios. Coordena o projeto Poesia na Boca da Noite. Leia mais sobre José Inácio Vieira de Melo.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Historias olvidadas (V) - lembrança de uma sombria sexta-feira 13


Sexta-feira, 13 de Dezembro de 1968. Há exatos 39 anos, num ato, o terror: governo militar do Brasil decreta o AI-5, que conferia ao presidente da República, à época Costa e Silva, à revelia do Legislativo e do Judiciário, poder para decretar o recesso do Congresso Nacional, das assembléias legislativas e câmaras municipais, intervir nos estados e municípios, suspender os direitos políticos por dez anos de qualquer cidadão e cassar os mandatos de parlamentares, impor o estado de sítio. O ato suspendia o habeas corpus para crimes contra a segurança nacional, a ordem econômica e a economia popular e decretava o fim da vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade nas funções públicas.

Iniciava-se, assim, uma das noites mais sombrias da história brasileira.

Depois de anunciar a medida, do Palácio das Laranjeiras, no Rio, o ministro da Justiça, Luiz Antônio Gama e Silva, na saída, disse: “Esta sexta-feira foi 13 para muita gente”!

O ato, sua história e seu contexto político está narrado no segundo capítulo do livro “As moças de Minas”, do jornalista e escritor Luiz Manfredini.

(capa do Jornal da Tarde, em 13/dez/1968)

Sugestão de Blog: "O caso de VEJA", de Luis Nassif


Em "o Caso de Veja", o jornalista Luis Nassif destrincha "o maior fenômeno do anti-jornalismo": a revista Veja. Revela como - em suas próprias palavras - "o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico".

As contradiçoes, os factóides, as montagens, as manipulaçoes de fontes, os falsos dossiês, a promisciudade com os lobbystas, as "pérolas" de Diogo Mainardi...sao alguns dos pontos destrinchados por Nassif.

Recomendaçao especial vai para o tópico "a cara de Veja", em que o autor aborda o blog de Reinaldo Azevedo, considerado por ele como a cara da revista, por ter a incumbência de fazer os mais chulos, rasteiros, preconceituosos e caluniosos ataques aos adversários e, por outro lado, bajular os aliados e a própria empresa.

Para acessar ao blog, clique aqui.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sugestao de Site - Vida e obra de José Martí


Recomendo um Site sobre a vida e obra de José Julián Martí y Pérez (1853-1895), "El Apóstol". Foi político, pensador, jornalista e filósofo cubano, artífice da Guerra Necessária (ou la Guerra del 95), a última guerra pela independência de Cuba frente ao domínio espanhol. Seu pensamento transcendeu as fronteiras de Cuba para adquirir um caráter universal.

Clique aqui.

(A foto acima foi copiada do blog Generación Y, da cubana Yoani Sánchez).

Excelente notícia - regulamentada a Convençao 182 da OIT

A OIT, Organização Internacional do Trabalho, em 7 de junho de 1999, em sua 87ª Reunião, adotou a Convençao 182, que trata da PROIBIÇÃO DAS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL E AÇÃO IMEDIATA PARA SUA ELIMINAÇÃO.

As convençoes da OIT têm a natureza jurídica de tratados internacionais, que, uma vez ratificadas pelos Estados-membros, passam a fazer parte da legislaçao nacional.

No caso da Convençao 182, esta foi aprovada pelo Congresso Nacional no mesmo ano de sua adoçao, em dezembro de 1999, por meio do Decreto Legislativo no 178. Em 02 de fevereiro de 2000, o governo depositou o Instrumento de Ratificação, passando a Convençao a vigorar, para o Brasil, na mesma data do ano seguinte.

No entanto, faltava ainda regulamentá-la. E, em comemoração ao Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, que se celebra hoje (12), o presidente Lula assinou o decreto de regulamentaçao.

"Com a medida, o governo brasileiro adota e amplia uma lista das piores formas de trabalho infantil, que abrange todas as formas de escravidão e atividades como utilização de crianças para fins de exploração sexual comercial e para produção e tráfico de entorpecentes" (Agência Brasil).

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Historias Olvidadas IV - "Dolores Ibárruri, La Pasionaria" - "NO PASARÁN!"

NO PASARÁN! NO PASARÁN!

Em 6 de novembro de 1936, as forças fascistas estavam às portas de Madri. O governo republicano abandona a cidade, deixando apenas uma junta de defesa e cartazes avisando aos civis: "Evacuem Madri! Evacuem Madri!" Instigado por um discurso inflamado, encorajador e emocionante de uma mulher, transmitido por uma rádio, o povo madrilenho decide resistir. "NAO PASSARAO! NAO PASSARAO", repetia ela. Imediatamente, novas faixas e cartazes se espalham pelas ruas: "No pasarán! Madrid será la tumba del fascismo". E o que era impossível acontece: nesse ano, Madri nao cai, por obra e graça de Dolores Ibárruri...La Pasionaria.


(Cartazes "Evacuem Madri")

(Cartaz da resistência popular)

Está aí uma dessas mulheres, cuja história de vida todos deviam conhecer. O grande protagonismo que teve na conturbada vida política espanhola da década de 1930, num tempo de escasso espaço reservado à mulher, a torna um dos mais importantes símbolos históricos da luta popular anti-fascista e anti-imperialista, e um ícone do movimento libertário mundial.

Nasceu em Vizcaya (1895), País Basco, filha de uma pobre família de mineiros. Desde cedo, teve que trabalhar: primeiro como doméstica, e depois como costureira. Em 1916, casa-se com um mineiro socialista, de quem aprende conhecimentos rudimentares de marxismo. Inicia sua militância política nas Juventudes Socialistas, das quais se separa para fundar o Partido Comunista Espanhol, em 1920, do qual será um quadro qualificado (inclusive, como membro do Comitê Central).

Participa ativamente da grande greve geral de 1917, convocada conjuntamente pelos sindicatos UGT (ligado aos socialistas) e CNT (dos anarquistas). Um ano depois, publica o célebre artigo “El Minero Vizcaíno”, assinando-o com o pseudônimo “La Pasionaria”, em lembrança à admiraçao que, desde criança, sentia pela Paixao de Cristo e porque a publicaçao coincidia com a semana santa.

Mas, sua atuaçao se intensificou mesmo foi nos anos ’30, no contexto dos eventos convulsivos que levaram a Espanha, em 1939, à ditadura franquista. Como se sabe, em 1931 se proclama la II República, sendo o governo formado pelo partido socialista e outros grupos de esquerda. Em 1936, nao se conformando com a ordem democrática estabelecida, as forças conservadores e fascitas promovem um levantamento militar, cujo líder maior é Francisco Franco. Nos três anos seguintes, a Espanha mergulha numa terrível guerra civil, resultando em quase um milhao de mortos e uma cruel ditadura de quase 40 anos.

Nos primeiros anos da República, La Pasionaria, fortemente ligada ao movimento mineiro-operário, se destaca como uma aguerrida militante comunista, o que lhe rende, em várias ocasioes, a prisao. Ainda no seio da sociedade civil, sem deixar de lado a redaçao do jornal comunista Mundo Operário, vem a ser presidente da Uniao das Mulheres Anti-Fascitas. No campo político, participa ativamente dos congressos da Internacional Comunista, da Assembléia Constituinte e, finalmente, se elege como deputada do PCE por Astúrias, regiao de fortes sindicatos de mineiros.

Iniciada a Guerra Civil, La Pasionara se converte num mito para parte da Espanha, por sua capacidade de unir as forças republicanas (socialistas, comunistas, anarquistas e democrático-progressitas) na luta contra os fascistas sublevados. Como vice-presidenta do Congresso dos Deputados, passa a se deslocar pelo país organizando e animando a resistência popular e as forças leais à República, como as brigadas internacionais.

Seus discursos incendiavam os combatentes republicanos, ficando popularmente conhecidas a expressao “Antes morrer em pé que viver de joelhos” (original de Emiliano Zapata) e, sobretudo, o grito “No pasarán!”, pronunciado durante o mítico discurso que fez na Unión Radio de Madri, e celebrizado pelos madrilenhos na heróica defesa da cidade.

Terminada a Guerra Civil, com a vitória dos fascistas, La Pasionaria consegue exilar-se na URSS, tornando-se, posteriormente, em 1942, Secretária Geral do clandestino PCE, e em 1960, presidenta. Nesse mesmo período, torna-se membro do Secretariado da Internacional Comunista.

Depois da morte do ditador Franco e no período da transiçao democrática, La Pasionaria volta, definitivamente, à Espanha em 1977, elegendo-se, mais uma vez, aos 82 anos, deputada por Astúrias nas primeiras eleiçoes democráticas. Morre em Madri, em 1989.

Assista a um trecho do discurso pronunciado na Unión Radio de Madrid, clicando aqui.
Íntegra do discurso "No pasarán!", aqui.
Entrevista com Pasionaria em 1977, clique aqui.
O "No pasarán!" de Madri, aqui.
Cartazes Republicanos da Guerra Civil Espanhola, aqui e aqui.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Documentário "Vozes contra a globalizaçao" - último capítulo


7º capítulo: “El siglo de la gente”. Duraçao: 26' 04''

El séptimo capítulo que cierra esta serie documental se centra en los sucesos de Seattle y Génova, acude al Foro Social de Portoalegre y al de Caracas y plantea si otro mundo es posible. También se pregunta cómo ha de ser ese mundo que ya está naciendo.

Documentário "Vozes contra a globalizaçao" - Capítulos 5º e 6º

5º capítulo: "Camino de la extinción”. Duraçao: 50' 58''

El quinto capítulo enfrenta al telespectador al calentamiento global, a la perdida de millones de especies, a la insensibilidad de los políticos y a la despreocupación de los ciudadanos ante un panorama que ha levantado ya las alarmas de los científicos de todo el mundo quienes opinan que la forma de vida de una parte de la humanidad va a condenar a toda al especie.

Clique aqui e assista.


6º capítulo: “La larga noche de los 500 años”. Duraçao: 48' 09''

La sexta entrega comienza en San Cristóbal de las Casas (México) en enero de 1994, cuando el subcomandante Marcos inicia las revueltas contra la globalización precisamente el mismo día que entra en vigor el Tratado de Libre Comercio entre América del Norte y México. En este capítulo se analiza, a través de las voces de los indígenas y de los intelectuales, la pérdida de la tierra en el mundo, la pérdida de la identidad, la uniformidad de las culturas, las privatizaciones y el nuevo panorama en América Latina.

Clique aqui e assita.

Documentário "Vozes contra a Globalizaçao" - Capítulos 3º e 4º


3º capítulo: "El mundo de hoy". Duraçao: 51' 52''

El tercer capítulo plantea si es posible que una sola potencia pueda dominar el mundo, cómo influye la industria del miedo en los ciudadanos, en manos de quién están los grandes medios de comunicación y cuál es su papel o los esfuerzos por un mundo mejor.

"es posible que una sola potencia pueda dominar el mundo? como influye la industria del miedo en los ciudadanos ? en manos de quien están los grandes medios de comunicación y cúal es su papel, los esfuerzos por un mundo mejor?"

Clique aqui e assista.


4º capítulo:
“Un mundo desigual”. Duraçao: 55' 29''

Este cuarto episodio, aborda la situación de la pobreza en relación al consumo en el mundo, las áreas de miseria en los países desarrollados, las pandemias, el comportamiento de las grandes multinacionales farmacéuticas en los países en los que un tercio de la humanidad vive con menos de un dólar al día. Hasta hace poco, según se recoge en esta entrega, el presupuesto de Naciones Unidas era de 1,2 billones de dólares, seis veces menos que lo que los norteamericanos se gastan en cosméticos.

Clique aqui e assista.

Documentário: Vozes contra a globalizaçao, outro mundo é possível - capítulos 1º e 2º


"Voces contra la globalización, outro mundo é possível" é uma série de documentários que o canal público TVE (Televisión Española) produziu há 2 anos. Excelente! Sao sete capítulos que tratam da globalizaçao desde um ponto de vista crítico, com análises de temas e problemas ainda muito atuais e com depoimentos de grandes personagens do pensamento altermundista, tais como José Saramago, Pedro Casaldáliga, Eduardo Galeano, Jean Ziegler, Ignacio Ramonet, José Bové, Manu Chao, Giovanni Sartori, María José Fariñas (minha professora no mestrado), dentre outros.

Vale a pena assistir, com paciência, cada um deles.

1º capítulo: "Los amos del mundo" (os donos do mundo) Duraçao: 53`38``

Este primer capítulo analiza el poder real de los políticos y la posibilidad de otro mundo más justo.
"¿Quién gobierna el mundo? ¿Cuál es el poder real de los políticos? ¿Sabe Vd. que el volumen de negocios de una sola multinacional es superior al producto interior bruto de muchos países, incluidos Austria o Dinamarca? ¿Cuál es el papel de los paraísos fiscales que dan cobijo al dinero del crimen o al de la corrupción? ¿Por qué se permiten la existencia de esto territorios sin ley? ¿Cuál es el papel real de organismos como el Fondo Monetario Internacional, el Banco Mundial o la Organización Mundial del Comercio? ¿Qué pasó realmente en la Argentina para que su economía se viniera abajo?"

Clique aqui e assista.

2º capítulo: "La estrategia de Simbad" (a estratégia de Simbá). Duraçao: 52´

"En el segundo capítulo, se muestra el nuevo panorama laboral en el mundo: las deslocalizaciones de empresas, las grandes áreas de producción mundial (China e India), la inmigración, la perdida de la sociedad del bienestar en Europa, las privatizaciones, la perdida de los derechos laborales, la victoria de la economía especulativa sobre la economía productiva y la política económica neoliberal".

Clique aqui e assista.

domingo, 8 de junho de 2008

Histórias Olvidas (III) - A Fogueira das Vaidades


Girólamo Savonarola foi religioso e político italiano (1552-1598), inspirador da II República Florentina (1594). Era um pregador violento, pois nas suas homilias ameaçava e denunciava os vícios, seja dos cidadaos, como também dos políticos e da própria Igreja.

Em 7 de fevereiro de 1497, uma terça-feira de Carnaval, protagonizou um dos exemplos mais contundentes de fundamentalismo católico. Realizou a maior e mais famosa Fogueira das Vaidades na Praça da Senhoria, em Florência. Seus seguidores recolheram e quiemaram publicamente milhares de objetos tidos como pecaminosos, como espelhos, maquiagem, vestidos luxuosos, até instrumentos musicais. Também havia livros, muitos, tidos como imorais (de Petrarca e Boccaccio), manuscritos de músicas "do mundo", quadros com pinturas de temas mitológicos clássicos realizados por Michelangelo e Sandro Botticelli (este, inclusive, se encarregou ele mesmo de colocar na fogueira), etc.
Pra quem acha que fundamentalismo é uma marca do islamismo, está aí uma prova de que nao.

Justiça seja feita a Savonarola: embora ele usasse frequentemente as fogueiras das vaidades em suas pregaçoes, é preciso dizer que essa nao é uma invençao dele. Já era uma prática antiga, inclusive usada por Bernardino de Siena em suas pregaçoes ao ar livre.

O fim de Savonarola foi trágico. Seus ferozes ataques ao Papa Alexandre VI, da família dos Borjas, e que nao era nenhum poço de virtudes, acabou por render-lhe a excomunhao e a fogueira, na mesma praça onde realizava suas "fogueiras das vaidades". Conta-se que demorou muito em queimar-se. Por isso, seus restos eram repetidamente devolvidos às chamas, para que seus seguidores nao os conservassem como relíquia.
Dentre os milhares de florentinos que testemunharam o fato, estava Maquiavel, que escreveu sobre a execuçao.

O caso de Savonarola foi reconhecido como um dos grandes erros da Igreja, assim como o foi o de Galileu. De fato, hoje ele é hoje considerado servo de Deus, um título que Igreja dá quando aceita abrir um processo de canonizaçao.
(placa indicativa do lugar onde foi queimado Savonarola, na Piazza della Signoria)

Imagens de Florência (II)

Outro lugar de Florência que nao se pode deixar de ir é a Piazza della Signoria, a maior praça da cidade e palco de acontecimentos importantes, como a execuçao de Savonarola. Alberga o Palacio Velho, emblemático edifício da vida política florentina, com sua torre de 95 metros de altura; a Loggia della Signoria, um corredor que funciona como um museo ao ar livre com obras como Perseu (1554), de Cellini, e o Rapto das Sabinas e o Hércules, de Giambologna; a Fonte de Netuno, de Bartoloneu Ammannati; a réplica do Davi, de Michelangelo (o verdadeiro está na Galeria da Academia). Ao lado da praça, há a Galeria degli Uffizi, um dos mais bonitos museus de Florência.
(Perseu, de Cellini)
(fonte de Netuno)

(vista panorâmica do rio Arno)

Imagens de Florência (I)

Florência é um museo a céu aberta. A quantidade de obras artísticas em cada praça, rua, beco é simplesmente impressionante. É uma cidade linda em todos os aspectos: pela beleza propriamente dita, o charme que lhe dá o rio Arno, a história que a envolve, o patrimônio cultural que detém. Foi o berço do Renascimento. Por lá deixaram traços: Michelangelo, Leonardo da Vinci, Botticelli, Rafaello, Galileu, Dante Alighieri, Maquiavel, Savanarola e, claro, a família dos Médici.
Tem pouco menos de 400 mil habitantes. E, definitivamente, convém percorrê-la pé, pelo menos o centro histórico.
(Cadetral)
Esta primeira imagem é o Duomo, a catedral, dedicada a Santa Maria del Fiore. Impressionam os detalhes da fachada, as pinturas internas, como o juizo final, a cúpula e a torre. À frente da catedral se acha o suntuoso Batistério, com os baixo-relevos de Ghiberti. Formidável!

(o campanário)

O Campanário, projetado por Giotto, tem a impressionante altura de 84 metros e é todo revestido de mármore branco, verde e vermelho. Subir pelas estreitas escadarias exige muito esforço, mas recompensa pela vista lá de cima.

(vista do campanário)

Esta é uma das vista da cidade, de cima do campanário: no fundo, a Praça da República, uma das principais da cidade.

(cúpula da Catedral)
Outra vista muita bonita é a da Cúpula, com seus 45 metros de diâmetro e 100 metros de altura.

Entrevista "pra morrer de rir"

Nao se pode rir dos problemas alheios, mas essa entrevista tá engraçada demais.

Tirado do Blog Políticos do Sul da Bahia:

O radialista Vila Nova entrevista Solange, a "gaga" mais famosa de ilhéus. Tenho plena convicção que essa entrevista vai "bombar" na net, pois é bastante hilária!.

Clique no link abaixo.
entrevista da gaga

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Mais um artigo publicado no blog Pimenta na Muqueca

Imigração e xenofobia na velha Europa

Foi divulgado, recentemente, aqui na Espanha um estudo realizado pela Confederação Espanhola de Bancos (Ceca), intitulado "Imigrantes, novos cidadãos. A caminho de uma Espanha Intercultural?", em que se buscou aferir o nível de tolerância da sociedade espanhola com relação aos imigrantes e suas possibilidades de integração.

Veja o artigo completo clicando aqui.

Artigo de meu amigo Jorge Soares


Meu amigo de longas datas, Jorge Soares, me mandou esse artigo recheado de filosofia, epistemologia pura e dura. Complexo, mas esclarecedor. Muito interessante. Vale a pena ser lido.

Jorge é um cara a quem devoto muita admiraçao. Durante certo tempo, fomos caminheiros de uma mesma estrada e protagonistas de uma história comum; compartilhamos de um mesmo projeto e olhamos pra uma mesma direçao: queríamos ser franciscanos. Mas, mudamos, eu e ele. Cada um seguiu pra um lado. No entanto, mesmo tendo mudado de caminho, parece que o rumo continua o mesmo: dar uma maozinha pelo bem da humanidade.

Jorge é, hoje, psicanalista e professor universitário.

Segue seu texto:

Tudo começa com o saber

Quando julgamos ser óbvio, quase nunca é verdade. Quando julgamos ser verdade, quase nunca é absoluto. E nos questionamos, o sujeito sempre se coloca diante do objeto como uma ação avassaladora. E nos perguntamos, até quando seremos tratados como objetos e não como sujeitos protagonistas e não como expectadores. Pegando uma carona com a teoria marxista, “o homem é um ser histórico”, sendo ele que faz a sua historia.

Hoje, portanto, com o advento de uma classe que tiveram o poder do saber, é notado a subalternidade de outra que foi sempre subjugada pela dominante. Esta classe dominante predomina como na velha ética grega: o bom, o verdadeiro, o belo, o absoluto. É preciso ter virtude (virtus), se tiver esses valores, você pode até ser considerado “cidadão” pertencente à polis. Do contrário, é colocado na marginalidade. Assim, o sujeito sobrepõe-se ao objeto considerando-o não-ser, o desqualificado, o subdesenvolvido. “Lamentável, raça, de um dia, filhos de acidente e sofrimento (...) o melhor de todos é impossível de obter - não nascer, ser nada” (Nietzsche). Daí, quando a gente faz uma viagem em algumas cidades do Brasil e América Latina e África, notamos o mundo pérfido e insolente, mundo “grego”, mundo do nada.

Desde a antiguidade que o homem busca na razão, toda espécie de verdade para conhecer a realidade do universo, a origem e o significado das coisas. Aristóteles chegou a considerar inerente à natureza o desejo de saber, a curiosidade espontânea para o conhecimento. Até aí tudo bem, nós avançamos e somos hoje pensadores e inventores na natureza. Criamos linhas imaginárias para delimitar o hemisférico, avançamos na ciência, porém, em toda história esse conhecimento sempre foi limitado. Não basta só conhecer, é preciso saber, como afirma Francis Bacon “saber é poder”. Se você sabe, tem o conhecimento. Entretanto, a sabedoria não é o uso adequado do conhecimento para fins éticos e construtivos? Só que o poder é o uso do conhecimento para qualquer fim. E aí a problemática como classe que obteve a sabedoria estar usando o poder?

O conhecimento é, sem dúvida, importante, porém, não garante a sabedoria. Assim, tanto o poderoso quanto o “sábio”, precisam do conhecimento. Então, o conhecimento é axiomático ao saber, um depende do outro. Sendo assim, caro leitor, o conhecimento é uma parte como um rio corrente, quando acontece a enxurrada transborda por toda margem.

Se pensar construtivismo, todos devem ter acesso e beber desta mesma água, o saber. Por conseguinte, cada vez que um ser humano é impedido de aprender a ler, cada vez que a comunidade dos homens não o inicia nessa capacidade, ela o está colocando fora de quase todas as possibilidades de obtenção e transferência de conhecimento.

Da mesma forma, cada vez que um ser humano que aprendeu a ler e a escrever não usa essa capacidade em seu favor e em favor da comunidade em que vive, ele está condenando a si mesmo à marginalidade. Logicamente, o uso e abuso do poder leva o indivíduo à marginalidade. Então adentrando na lógica do saber pode-se abstrair com a práxis do momento os grandes articulares políticos que mobiliza e decidem uma eleição,os que estão,por trás do tráfico de droga. Enfim, tudo isso é fruto do “saber”.

E, assim, ficamos intactos diante da realidade, “É preciso duvidar de tudo que existe” (Descartes.), mas duvidar só, não resolve, é necessário apresentar argumentos lógicos para que haja uma metanóia. E isso só se resolve com o “saber” colocado para o bem comum da humanidade.

Sendo o “homem como a medida de todas as coisas” (Protágoras), ele age e coloca a sabedoria quando conhece o bem e conhecendo-o, não pode deixar de praticá-la. Por outro lado, aspirando o bem, sente-se dono de si mesmo e, por conseguinte, é feliz.

Portanto, a DOXA E O EPISTÉMIE são fundamentais para não ser conhecido como objeto desqualificado e insolente. O indivíduo deve opinar para justificar qualquer espécie de verdade, seja ela dogmática ou não, óbvio ou absoluto tudo isso é ponto de dúvida.

Jorge Soares,
Professor
jsjsdsba2@hotmail.com

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Excelente entrevista de Marina Silva

Nesse dia mundial do Meio Ambiente, nada melhor do que ceder a palavra a uma das maiores autoridades no mundo nesse tema: a agora senadora Marina Silva. A seguir alguns trechos:

“política ambiental não se faz com uma melancia na cabeça. Se faz com muito compromisso no coração, boas idéias na cabeça e uma boa capacidade ouvir”.

"A grande comemoração que se pode ter usando o referencial da morte do Chico Mendes [em 1988] é a dimensão e a densidade com quê se trata hoje a questão da Amazônia. Há 20 anos, Chico Mendes era uma voz quase que isolada dizendo que a floresta era muito melhor em pé do que derrubada".

"O Brasil tem 45% de matriz energética limpa. E ele deve continuar com uma economia descarbonizada, mas precisará de uma proposta de matriz energética que incorpore a diversidade".

"Nos últimos três anos tivemos 59% de redução do desmatamento. Isso significou quase um bilhão de toneladas de CO2. Isso representa 14% de tudo que deveria ter sido reduzido pelos países desenvolvidos até 2012, desde o período de compromisso do protocolo de Kyoto".

"Acho que a gente não tem sequer que discutir internacionalização da Amazônia. Esta questão não está colocada. Não há a menor hipótese em concordar com isso".

Ler a entrevista completa: clique aqui.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Uma espécie de crônica - A Praça

Este texto eu o fiz há mais de quatro anos, quando ainda morava em Itabuna e participava do projeto da Fase: "construindo a consciência do direito a ter direitos". Na manha do dia 12 de maio de 2004, eu estava na praça do Sao Caetano, aguardando que o glorioso Paulo Deméter me viesse me buscar pra irmos a uma atividade com os índios tupinambás da Serra do Padeiro - Buerarema. Enquanto esperava, fiz este relato, que extraio dos meus arquivos:


A PRAÇA
12 de maio de 2004
A praça é um lugar fantástico. Costumo dizer que o olhar sobre uma praça é o olhar sobre a sociedade. A praça é o micro-cosmo humano da sociedade. Ali é possível enxergar as semelhanças, as diferenças, as contradições, as convergências, as mazelas, a dinâmica do meio social. Amplie o que você numa praça e terá uma visão do conjunto de uma sociedade.

Desta vez não foi diferente. Apenas chego na praça do São Caetano, me ponho a observar à minha volta. Hora: 7:30 da manhã. A variedade de figuras, de atores sociais, de papéis representados é algo formidável. No ponto de ônibus, o engravatado olha insistentemente para o relógio; o corretor fala ao celular já tentando convencer o seu cliente; o policial, com cara de mau, desfila com empáfia, projetando ares de xerife.

- Motô! Motô!, grita o rapaz do outro lado da rua, sinalizando para o motorista do coletivo esperar.

Em vão. O motorista olha, finge que não vê e arrasta o ônibus.
- Filho de uma p. desgraçado! Acha que é só ele que trabalha?! Alguém viu o número do ônibus? – fala o sujeito, indignado por ver seu direito negado.
O coletivo seguinte chega super-lotado. Destino: Nova Ferradas. As pessoas se espremem umas às outras feito sardinhas enlatadas.

- Pessoal, vai mais pra trás! Ainda tem gente pra entrar, grita o cobrador.

Na porta de entrada ocorre uma disputa desesperada pra ver quem ocupará os poucos espaços restantes. Impossível lembrar-se, nesse momento, de coisas como gentileza, educação, bom senso. Ao contrário, cotoveladas, calos pisados, palavrões... é o que impera. E o pior é que há uma velhinha de seus 75 anos, com sua carteira de passe livre, que precisa descer – pela porta da frente, é claro.

- Ô, meus fí....por Santa Rita, deixa eu descer. Tenho artrose, alguém me ajuda?

Aí a sensibilidade fala mais alto. Por um instante, a regra do mais forte é colocada de lado em nome da solidariedade.

Mas ainda há outros personagens na praça, muitos outros. Um bêbado, por exemplo. Não são 8:00h da manhã e, por incrível que pareça, há um bêbado – daqueles chatos, terrivelmente chatos; do tipo que mexe com todo mundo. E parece que ele havia escolhido os motoristas pra encher o saco. Ele pára todo ônibus que passa, entra e pergunta sempre a mesma coisa, com voz instável:

- Motorista, esse ônibus vai pra onde eu vou?
- O sr. vai pra onde?
- Não sei
, responde ele, já descendo às gargalhadas.

Tão chato quanto o ébrio, um outro personagem aparece: um crente. Tipologia: fanático de carteirinha. Gritos estridentes são ouvidos; palavras ameaçadoras são pronunciadas; textos do Apocalipse são proclamados; promessas de fogo eterno aos pecadores são invocadas; o domínio de Belzebu nas almas dos homens é denunciado; o fim do mundo é profetizado e a conversão do coração é solicitada.

Sinal da dureza do coração do homem ou não, ninguém parece dar muita bola. Apenas o outro chato, o bêbado, resolve se manifestar e, em pouco tempo, inviabilizar a pregação do profeta:

- Aleluia, irmão!, gritava ele.
- Glória a Deus! Amém, Senhor! Aleluia!, continuava insistentemente.

Percebendo o riso disfarçado dos presentes, e vendo-se chacoteado, o pregador bate em retirada.
De presença religiosa permanece apenas a figura do “monge” ou “o beato” (no melhor estilo Antônio Conselheiro), que vive perambulando pelas ruas da cidade, com seu hábito surrado no melhor estilo franciscano, que chegara silenciosamente e assim continuava, comendo, tranquilamente, um pão seco com café preto. Pensei comigo:

- Esse não diz sequer uma palavra e, estranhamente, fala mais do que o fanático engravatado.
Ele sim, eu chamaria de profeta, no melhor e mais genuíno sentido da palavra. Seu estilo austero e radical de vida provoca, incomoda, denuncia, convida. Denuncia, sobretudo, uma concepção de felicidade centrada no sucesso eminentemente pessoal, na posse de riqueza e poder; e convida, talvez, à revisão dos valores e das práticas, à superação da forma hedonista de encarar a vida, à retomada do que é essencial para o ser humano: o perfeito equilíbrio entre o material e o espiritual, e a colocação do SER antes do TER.

Mas, meu olhar sobre a praça não enxerga somente isso. Há ainda os velhinhos aposentados, sem brilho nos olhos – alguns enxergando cinzentamente a vida e apenas esperando o tempo passar; há um casal da famosa “turma da meota”, fazendo o seu desjejum matinal com um “corote” – ele deve ter pouco mais de 25 anos, ela não mais que 18; há o hippie expondo seu artesanato, o vendedor de caldo de cana arrumando o seu carrinho motorizado, o sr. da banca de jornal, o vendedor de pastéis, os estudantes que sentam na praça pra tagarelar ou mexer no jogos do celular – não tinham aula, pois os professores do Estado haviam parado as atividades; e, por fim, há o personagem mais notado e comentado da praça: um sujeito de seus 60 anos, com um semblante de uma absoluta e desconcertante despreocupação, tranqüilamente sentado no banco central e fumando um cigarro de palha de um abominável e repugnante cheiro que se espalhava por um raio de uns 50 metros.

Essa é a praça. É uma praça daqui de Itabuna, ali no São Caetano. Mas, poderia ser de qualquer lugar. Essa é a nossa praça:

A praça da cultura popular e dos personagens de nossa brasilidade,
A praça dos empregados, subempregados, desempregados,
A praça dos batalhadores, sonhadores, fortes,
A praça dos fracos e excluídos,
A praça da teimosia de viver honestamente – ou não!,
A praça dos resignados, mas também dos inconformados,
A praça da indiferença,
A praça da solidariedade,
A praça da nossa diversidade e pluralidade,
A praça da revolucionária esperança,
A praça da nossa sociedade........... a nossa praça!
(Luciano Reis Porto)

domingo, 1 de junho de 2008

Vídeo - 25 anos do maior sucesso de The Police



(do blog do noblat)
É uma canção de letra com tom obsessivo. Mas o público a entendeu como de fidelidade e amor - e embora tenha sido composta em meia hora, e sua base musical seja elementar, "Every breath you take" de The Police se converteu desde seu lançamento no maior êxito da banda inglesa.

Hoje faz 25 anos que ela foi lançada como a primeira faixa do disco Synchronicity, que ficou durante oito semanas como o número um nas listas dos mais vendidos nos Estados Unidos e durante quatro na Inglaterra. A música ganhou o prêmio Grammy de melhor canção de 1983.

Confira aqui.