quinta-feira, 29 de maio de 2008

Sugestao de livro: Espelhos, de Eduardo Galeano

"Espelhos, uma história quase universal", é o último livro de Galeano, este fabuloso escritor uruguaio, intelectual comprometido com a história e a dignidade dos vencidos. Fui ao lançamento desse livro aqui em Madri, ontem, e o comprei imediatamente. É mais uma preciosidade, assim como aquele inquietante Veias abertas da América Latina ou O mundo de cabeça para baixo.

Galeano nos brindou ontem com a leitura de alguns dos quase 600 relatos que o livro contem; falou de tantas e tantas histórias esquecidas, de tantas e tantas mentiras contadas, de tantas e tantas injustiças cometidas, num tom simples, poético, irônico, leve, esperançoso e verdadeiro.

"Espelhos" é dessas obras que surgem pra serem lidas e relidas, dessas que nao podem nao ser lidas e relidas.

Na abertura, encontramos escrito:
Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos nos recordam.
Quando nos vemos, nós os vemos.
Quando nos vamos, eles se vão?

E na última capa:
Este livro foi escrito para que não se vão.
Nestas páginas se unem o passado e o presente.
Renascem os mortos, os anônimos têm nome:
os homens que levantaram os palácios e os templos de seus senhores;
as mulheres, ignoradas pelos que ignoram o que temem;
o sul e o oriente do mundo, desprezados pelos que desprezam o que ignoram;
os muitos mundos que contêm e esconde;
os pensadores e os sentidores;
os curiosos, condenados por perguntar,
e os rebeldes e os perdedores e
os loucos lindos que foram e são o sal da terra.

Sem mais palavras. Vamos à leitura, com a recomendaçao de dedicar mais atençao aos relatos de grandes "espelhos" brasileiros: a inconfidência mineira, a história de Rosa Maria (a primeira negra alfabetizada do Brasil) e outras...como disse Emir Sader, "grandes espelhos em que reconhecemos o mundo que criamos e recriamos todas as horas, mas em que fingimos não nos reconhecermos".

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